quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

(Inês)
(Him)

[…]
- Estás tão refugiado em ti mesmo. Isso dá-te um ar de mistério e cativa a querer explorar mais quem és mas também mostras o olhar de quem se foi instruindo a viver sozinho. 
- A dada altura dás por ti algo separada do mundo. São as pequenas coisas, por um lado os dissabores que adensam o casulo interno por outro, o silêncio assim como o afastamento disciplinam a capacidade de observar além do que as palavras dizem, eventualmente constatas que afeição e atenção são usados com descuido fracturando inocências que não mais voltam a ser as mesmas.
- Se bem percebi estás a dizer-me que chegas-te a um ponto onde vives alheado dos outros, mas isso não significa que estás a impedir as amizades de acontecer? Se não dás sequer espaço para alguém entrar então serás sempre o único a conhecer-te a ti mesmo. Não estou a ver como esse modo de vida pode deixar um legado. 

(Ele evitava fixar a sua face mas em silêncio seguia-lhe cada um dos seus movimentos. Não tardaria a aperceber que já tinha deixado entrar demasiado desta evasiva sedução.)