na floresta do desconforto

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Tudo na vida corre bem. Já não te lembras da última vez que tiveste uma discussão, o rumo a seguir surge claro na tua frente e avanças com companhia amiga, os diálogos absorvem-se uns aos outros, e com o tempo a vossa maneira de pensar fica cada vez mais igual, seguis o mesmo caminho tendes as mesmas conversas o que faz com que se diluam as diferenças entre os dois. Um dia, sem aviso, um período sombrio abate-se sobre ti. Descobres que como já ninguém trazia algo de novo à equação, esta simplesmente estagnou, tornou-se uma rotina incómoda e constrangedora. Inatamente continuas a persistir, a acalentar a direcção que levavas, até ao momento em que aprendes que é necessário superar, crescer, tornar mais forte, mais inteligente, melhor, incluir algo novo, diferente; queres experiências distintas de ti que adensem o diálogo com os que te rodeiam; é necessário um fervilhar de vida de modo a não cair na apatia; assimilas que não podes continuar como se a vida fosse uma equação estática mas um constante incluir de incerteza que te ateia a chama desafiando a entrar pela floresta do desconforto ardendo tudo quanto tocas. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

(Inês num diálogo com os pais)

- Desapareces-te por completo, parece que já nem precisas de nós para nada.
- Não é bem assim. Ao início era só estar lá a trabalhar mas com o passar do tempo fiz amigos, comecei a conhecer a cidade com os seus recantos e humores escondidos. Agora é tão familiar lá como aqui. Tenho duas casas, esta é o passado-e-o-presente e lá é o presente-e-o-futuro. Torna-se impossível não abandonar uma para estar com a outra. 
- Não quero saber de nada disso. Vens mais tempo a casa ou faço as malas e vamos para lá viver contigo.