you’re a strange color

sábado, 10 de abril de 2010

inês em diálogo com o ser da sua afeição, num entardecer ao som do ruído citadino que lhes invadia a quietude das almas.

(inês) – não percebo o que se passa comigo.
(ele) – tens noção que eu posso interpretar isso de maneiras tão díspares quando o divertimento me permite!? – inês fez uma pausa no tempo, contemplou-o, manteve o silêncio. – humm o suspense ensombrou-me a curiosidade.
– falar destas coisas é esquisito. sabes quando parece que algo está errado, que estás na primavera e não te apercebes das flores ou dos pássaros a cantar, que o sons das teclas do piano te soam sempre a ruído?
– esta vai ser uma deambulação pelo sentido da vida não vai? – inês voltou a parar o tempo, e no silêncio pensava se ele a entenderia, se valia mesmo a pena abrir-se a confidências… – tens de ser mais específica, ao piano era beethoven ou chopin?
– é só este sentimento de que posso fazer algo que nunca ninguém fez, e não o estou a fazer.
– . – se observares os rostos das pessoas que estão dentro deste café, ficas na incerteza do que é que as suas consciências estão a pensar. se estão rendidos à vida? acomodados a uma apatia morna, no entorpecimento dos sentidos? e se eu te disser que em dada altura das suas vidas todos eles pensaram o mesmo que acabaste de dizer!
– onde queres chegar?
– a lado nenhum, não quero chegar a lado nenhum. só sei que se a vida fosse fácil para os que sonham, tu arranjavas outra coisa para fazer.